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sábado, 18 de julho de 2009

Entendimento Primeiro

Hoje deixo um poema que dedico aos meus filhos. A Patrícia tem 28 anos feitos há poucos dias e o João faz oito em Outubro.
O poema nasceu de um sonho em que eu estaria para ser mãe.
Dedico-o aos dois neste momento como se fora em qualquer outro porque nestas palavras defino bem o que para mim significou cada um dos momentos de estar para ser mãe, de "carregar" por nove meses a esperança de trazer ao mundo seres capazes e com potencial para serem felizes. É o que desejo. Que consigam realizar-se como pessoas felizes.

"Está a formar-se uma curva convexa
no lado de fora do meu ventre.
Está a formar-se para te dar lugar
do lado de dentro.
O lado côncavo do meu ventre.
Esse que te cedo por algum tempo
é o teu primeiro espaço.
É daí que vais conhecer-me.
Vou estar atenta deste lado
do lado convexo do meu ventre.
Aconteceu amar-te ao primeiro instante.
Vou querer saber-te feliz ao primeiro momento.
Vou esperar-te feliz, aqui
do lado convexo do meu ventre.
E, olha, sabes que mais?
Vou guardar a felicidade toda
que conseguir construir deste lado
para te receber.
Vai ser a primeira partilha...
Espera-te o primeiro banho de felicidade.
Aqui, do lado convexo do meu ventre..."

(... porque o meu aniversário também está prestes a acontecer junto a fotografia da minha primeira peça em cerâmica. É a Vénus de Willendorf - Deusa da Fertilidade...)

sábado, 11 de julho de 2009

Dançando

(Ilustra o meu poema uma serigrafia de António Carmo ( http://www.cps.pt/ ). Foi o mais parecido que consegui para adaptar. O poema foi inspirado num quadro deste pintor que vi numa exposição há bastante tempo, um quadro fantástico, um dos quadros fantásticos dele.)

DANÇANDO
(A um quadro de António Carmo)

Os corpos muito juntinhos
As mãos e os braços trocados
Os passos acertadinhos
Os olhares bem fixados

E temos um par a dançar
Dentro de um quadro de esperança
Que fixa os seres que deslizam
Assim, ao jeito da dança

Ritmados, ao som da música
Os corpos se vão soltando
Sem querer, deixam os sentidos
Trocarem-se assim, dançando.

sábado, 4 de julho de 2009

Sobrou-Te o Corpo

(Este trabalho, poema e foto meus, foi publicado há algum tempo por mim num blog colectivo. Agora resgato-o para o meu próprio espaço que é aqui o seu lugar. A foto foi feita em Dezembro de 2007 no atelier do Cutileiro e o poema "em cima da foto". Gosto destas inspirações!...)

Sobrou-Te o corpo
que a Alma
essa
foi-se
Sobrou-Te o corpo nu
A Alma vestiu-se das tuas roupas
roubou-Te os olhos
as mãos
e por Teus pés
se fez à vida
Adiante! disse.
(por tua boca que fez sua)
deixando-Te o corpo aqui
Depois de Ti
depois de teres acontecido
ficaste assim
assim pedra esquartejada
assim utensílio abandonado
depois de teres acontecido
ficou-Te o corpo sobrado