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quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Em tuas mãos...





Desencantada..
Desencontrada!...
Procuro, procuro-me!...
Encontro-me!...
Encontro-Te!...

cumprida a viagem de circum-navegação no mar dos nossos sentidos.
(...)
Assim se me morrem as defesas...
Em tuas mãos...
no preciso momento em que emprenho de certezas.

Baixo armas no tapete da entrada...
entro dentro do teu corpo.
Deixo do lado de fora em mala fechada, selada...
todo e qualquer sentido de juízo...
- Este é o momento preciso!

Passaste a ser o meu jardim de girassóis,
lírios do campo e papoilas...
Faço o meu tempo cavalgar ao ritmo contrário aos dias em que registava desesperadamente o passar do tempo sem sentido

Refreio o passo!!!...

Amo-te Sagradamente!
- Guardo religiosamente o teu sorriso.

(luz reserva, para os dias mais sombrios...)

Vivo agora o espaço intemporal em que o sol me sacia a pele e me devolve a luminosidade do coração.
Por tuas mãos...

Escrevo poemas nas linhas do teu corpo.
Declamo cada verso em cada uma das tuas veias.
São de palavras minhas as gotas de sangue de que te alimentas.

- NASCE EM MIM A LUZ DE QUE ÉS A SEMENTE!...
- E entrego-me...
EM TUAS MÃOS.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Fazem hoje anos os nossos meninos


(eu fotografando o Hugo fotografados pelo pai Antonior)

(Hugo e pai)

(João e Papi)

(João e eu fotografados pelo Papi Antonior)

(o bolo é de bolacha com chocolate e foi feito ontem à noite)
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Fazem hoje anos os nossos meninos.
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O Hugo, 35.
O João, 8.
Nasceram no mesmo dia e mês. Anos separam a chegada à vida de cada um deles. Aconteceu no entanto no mesmo lugar físico. Ambos chegaram ao mundo tendo como primeiro berço um dos da Clínica de S. Gabriel em Lisboa. O parto do João foi feito pelo Dr. Pedro Montargil. Provavelmente o do Hugo, pela diferença de idade, terá sido feito pelo pai que na altura do nascimento do João já era muito velhinho.
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Serão pessoas diferentes, ou talvez nem tanto. O tempo dirá de um aquilo que mais ou menos já sabemos de outro e nunca é definitivo porque somos sempre seres em construção.
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Se o dia em que se nasce faz, de acordo com a astrologia e outros conceitos, um pouco daquilo que somos, então hão-de ter pontos de personalidade em que se identificam.
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Assim, ou de outra maneira qualquer, são os nossos. Os nossos menino/homem.
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Os Parabéns que aqui deixo são para os dois. Os desejos e votos de felicidade são para os dois também. A minha disponibilidade é também para os dois. O meu maior desejo é que ambos percebam que estou aqui e que se acheguem a mim se precisarem de colo da mesma forma que eu me chegarei a eles tentando ensinar e passar algumas verdades daquelas que só a vida ensina... e apoiando se eles deixarem em todos os momentos da vida que têm pela frente e que nem sempre é fácil. Aliás, não é fácil mesmo...
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O bolo é o que fiz para o João levar para a escola hoje para partilhar com os colegas ao almoço mas serve para, dentro do meu coração, cantar aos dois o desejo de felicidades e PARABÉNS.
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À Anabela,mãe do Hugo, deixo o meu beijo o meu carinho o meu abraço de mãe para mãe.
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Fica também um beijo muito especial à Maria dos Alcatruzes porque descobri que afinal e por coincidência hoje também faria anos o pai dela. 100, por tal sinal... Aquele abraço também por hoje minha Amiga.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Soneto Solidário


(Quando da comemoração dos 11 anos de existência e 6 de legalização da "Associação de Dadores Benévolos de Sangue do Pinhal Novo" enviei este soneto que fiz de propósito para o efeito e ofereci à minha irmã Rosa Besuga Ricardo na qualidade de presidente da dita associação que as minhas palavras homenageiam.)

Soneto Solidário

O sentido é ser solidário
o conceito é partilhar
em cada gota de sangue
sinais de vida a passar


Que passam de ti para mim
De mim para outro tal
É só um gesto, um momento
Mas de importância vital

Em cada gota de sangue
outra tal gota de Amor
partilha na dádiva consentida.

Ser solidário, ser dador
saber ser preciso dar de si
e dar-se num pouco de vida.


Neste soneto parabenizo, nesta, todas as Associações que, nesta mesma linha de intenção, se dedicam a fazer a ponte entre a necessidade de cada cidadão e o colmatar dessa necessidade prevendo-a e fazendo que seja minorada.

Bendigo o esforço de quem se dedica a dar, a incentivar sensibilizando consciências conseguindo cumprir, no resultado, o objectivo primeiro de cada cidadão solidário que é dar de si ao outro, neste caso em gotas de sangue, a partilha da vida.

Eu agradeço, renovo os parabéns e deixo um abraço solidário.
Maria Belmira Alves Besuga
12 de Setembro de 2009

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Meu primeiro livro__________Julho 1999


A capa é um desenho a carvão feito pela minha filha. Ofereceu-mo para este efeito.
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(para ler clique em cada imagem)


Não lhe chamarei prefácio porque os dois resolvemos na altura que não se chamaria assim. São as palavras, realistas, de Saramago a propósito dos poemas deste livro e da minha posição como poeta.
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Palavras minhas num quase poema inspirado nas palavras de Manuel Alegre.
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... sobre o meu estar em e no meu silêncio.
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Manifestamente a nu, os meus sentidos neste livro.
Assim me entendo na vida de todos os dias, na partilha, nos afectos. Inteira!..
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(Este é um livro não referenciado. Pois seja, mas isso é tão relativo... e nem sequer entendo como limitativo.)

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Introspectiva

(Peça de João Cutileiro. Foto feita por mim no atelier do Escultor)
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às vezes esqueço-me
se ainda me sabem bem os horizontes longe
dantes sabiam
agora não sei
às vezes não sei
porque normalmente
quando de horizontes longe se trata
gosto!
vou lá deixar as memórias
e os recortes dos dias tristes

(...)

depois vou lá buscar de vez em quando
as memórias
que os recortes dos dias tristes
nem lhes toco
às vezes
só às vezes
sim
deve ser por isso
que às vezes me esqueço
se ainda me sabem bem os horizontes longe
deve ser pelos dias em que lá vou
e toco nos recortes dos dias tristes

sábado, 18 de julho de 2009

Entendimento Primeiro

Hoje deixo um poema que dedico aos meus filhos. A Patrícia tem 28 anos feitos há poucos dias e o João faz oito em Outubro.
O poema nasceu de um sonho em que eu estaria para ser mãe.
Dedico-o aos dois neste momento como se fora em qualquer outro porque nestas palavras defino bem o que para mim significou cada um dos momentos de estar para ser mãe, de "carregar" por nove meses a esperança de trazer ao mundo seres capazes e com potencial para serem felizes. É o que desejo. Que consigam realizar-se como pessoas felizes.

"Está a formar-se uma curva convexa
no lado de fora do meu ventre.
Está a formar-se para te dar lugar
do lado de dentro.
O lado côncavo do meu ventre.
Esse que te cedo por algum tempo
é o teu primeiro espaço.
É daí que vais conhecer-me.
Vou estar atenta deste lado
do lado convexo do meu ventre.
Aconteceu amar-te ao primeiro instante.
Vou querer saber-te feliz ao primeiro momento.
Vou esperar-te feliz, aqui
do lado convexo do meu ventre.
E, olha, sabes que mais?
Vou guardar a felicidade toda
que conseguir construir deste lado
para te receber.
Vai ser a primeira partilha...
Espera-te o primeiro banho de felicidade.
Aqui, do lado convexo do meu ventre..."

(... porque o meu aniversário também está prestes a acontecer junto a fotografia da minha primeira peça em cerâmica. É a Vénus de Willendorf - Deusa da Fertilidade...)

sábado, 11 de julho de 2009

Dançando

(Ilustra o meu poema uma serigrafia de António Carmo ( http://www.cps.pt/ ). Foi o mais parecido que consegui para adaptar. O poema foi inspirado num quadro deste pintor que vi numa exposição há bastante tempo, um quadro fantástico, um dos quadros fantásticos dele.)

DANÇANDO
(A um quadro de António Carmo)

Os corpos muito juntinhos
As mãos e os braços trocados
Os passos acertadinhos
Os olhares bem fixados

E temos um par a dançar
Dentro de um quadro de esperança
Que fixa os seres que deslizam
Assim, ao jeito da dança

Ritmados, ao som da música
Os corpos se vão soltando
Sem querer, deixam os sentidos
Trocarem-se assim, dançando.

sábado, 4 de julho de 2009

Sobrou-Te o Corpo

(Este trabalho, poema e foto meus, foi publicado há algum tempo por mim num blog colectivo. Agora resgato-o para o meu próprio espaço que é aqui o seu lugar. A foto foi feita em Dezembro de 2007 no atelier do Cutileiro e o poema "em cima da foto". Gosto destas inspirações!...)

Sobrou-Te o corpo
que a Alma
essa
foi-se
Sobrou-Te o corpo nu
A Alma vestiu-se das tuas roupas
roubou-Te os olhos
as mãos
e por Teus pés
se fez à vida
Adiante! disse.
(por tua boca que fez sua)
deixando-Te o corpo aqui
Depois de Ti
depois de teres acontecido
ficaste assim
assim pedra esquartejada
assim utensílio abandonado
depois de teres acontecido
ficou-Te o corpo sobrado

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Ceifeira (a um quadro de Silva Porto)

( imagem tirada da net)
Silva Porto (1850-1893) foi um pintor português a quem é atíbuído o início do naturalismo em Portugal. "Usou" a natureza como principal motivo de inspiração. Daí que de muita cor e luz se encham as suas telas.

Da primeira vez que vi trabalhos dele, este particularmente que se chama "As Ceifeiras", escrevi o poema que aqui deixo hoje.


De ti se agarra à terra
A seiva feita suor
Do corpo que sobre a terra dobras
Cortando o trigo
Ceifando até à última espiga
Duramente
Debaixo desse sol que te castiga

Por ti escorre a água
Que do céu cai
E te encharca até à alma
A água
Acompanhada por esse vento
Que em força te fustiga

Na terra
Se concentra o pó e a água
Que enquanto trabalhas
Se te cola aos pés
Comprometendo-te para a vida

quarta-feira, 17 de junho de 2009

"A jeito de homenagem a Eugénio de Andrade"

"Improviso
Uma rosa depois da neve.
Não sei que fazer
de uma rosa no inverno.
Se não for para arder
ser rosa no inverno de que serve?"
Este é o poema do Eugénio que serviu de inspiração a quantos, a pedido do Dr. Montezuma de Carvalho, resolveram homenagear o Poeta por ocasião do seu 80.º aniversário. Os trabalhos foram publicados no jornal "O Primeiro de Janeiro" no Porto e posteriormente em livro. Este de que aqui deixo a capa.
Abaixo ficam os poemas com que eu própria participei.

E a esperança, Poeta?
O Poeta não sabe
o que faz uma rosa no Inverno?
- E a esperança, Poeta?
Se tu não sabes...
O que é que vamos fazer?
A quem vamos exigir a resposta?
Qualquer inverno será menos frio
menos cinzento
com uma só pétala que seja
de qualquer rosa

Pétalas caídas
Nasceram-me asas
Para quê?
Não posso sair daqui!
Caem-me as pétalas
Estou a secar
Até já penso que morri
Se já não sequei
Deve ser por ti

Rosa de Inverno
Sigo as pegadas
Na neve
Que os teus passos aqui deixaram
ao de leve
Junto às tuas
As marcas dos meus pés
Vou ao encontro do teu perfume
Rosa de Inverno que és
Aquecer-me-ás no teu lume

Rosamor
Tenho uma rosa no peito
Deixei que aqui a fixasses
Convencida que era amor
Nasceu
Floriu
Ganhou cheiro e deu-me cor
Agora quero mantê-la
Seja essa rosa o que for

Marcas
No chão de neve
de que se faz o inverno
do teu ser
o frio
do teu sentir
há pétalas espalhadas
marcas
para eu te ver
para eu te poder seguir

Compensação
E as pétalas
deste caule - meu corpo?
Ficaram-se pela neve
que cobre o caminho que percorro
para alcançar-te.
O frio de se tem feito a minha viagem
compensa-te em ti
no calor de abraçar-te